mercoledì, aprile 09, 2008

Lord Gil e outros nobres sambentistas


2007.02.27
Estava virando obsessão. Queria, porque queria saber notícias dos meus velhos amigos. Passei horas, dias a fio, procurando por eles em internet. Digitava o nome deles e ia de página em página até encontrar algum indício. Pisava todo tipo de picada internáutica atrás de uma foto, uma nota, uma menção. Quando encontrava fazia festa. Mas entre o virtual e o real tem no meio um matagal que é difícil atravessar. E foi assim, com aquele espírito bandeirante, que me embrenhei na mata fechada pelos anos e pela distância a procura das pedras preciosas do meu novo mundo passado: meus amigos do Colégio de São Bento. Penetrando a mata escura fui encontrando meu pai português medieval ambicioso alucinado e simples que descobria um mundo virgem amavelmente selvagem e feroz e minha mãe índia assustada e apaixonada e meu pai-irmão tupi or not tupi que lutava, matava, fugia, morria mas que não desaparecia e meu pai irmão mãe e amante negra revoltada e resignada que procurava outros seres assim esculpidos na saudade enlouquecida por um futuro passado que cético, sem dúvidas tinha certeza de encontrar. E reencontrando-os me encontrei! É surpreendente e emocionante sentir a vitalidade renovada e multiplicada com que cresce a árvore abatida quando acontece de brotar. E brotou, brotamos. Sinto florir em mim, em nós, uma amizade mais forte e junto com ela uma vida mais forte e urgente. Depois que os temores, as profecias, as dúvidas e as certezas se realizaram e se desmentiram umas às outras e que se transformaram em fato e mito, agora tudo está pronto para se transformar novamente. A vida se cumpriu, então que se cumpra até o fim, ainda que se na sua transcriação de um destino que era diverso. Então eu preciso agradecer Internet e à secretária anônima do departamento de serviço ao cliente Sadia que respondeu ao meu pedido surreal de ajuda para encontrar meu amigo desaparecido Ottoni Fontana. Pra não falar da minha desconhecida amiga portuguesa Amélia Pais que me trouxe Gilfredo Pinheiro, abraçado a Ungaretti, no seu Barco das Flores de blog poesia. Agradeço também à Tânia Marques, Lilian Santos e ao Nieri. Mas o milagre milagroso aconteceu foi quando quem eu não procurava me procurou e me achou, justamente através deste meu blog véio: José Carlos Santana ou ZéK, como o rebatizou Bosco Brasil. A chama da amizade daquele grupo de moços do clássico AD se reacendeu com uma impetuosidade adolescentemente madura e ao redor desta fogueira de São ZéK, brincamos infantis Lord Gil, TTony, Boscozinho e a Paraibana do Glicério. E que a vida se cumpra feliz, ainda que não comprida.

Poema de Ungaretti com a transcriação de Gilfredo Pinheiro

Sono uma creatura

Come questa pietra
del S. Michele
così fredda
così dura
così prosciugata
così refrattaria
così totalmente
disanimata

Come questa pietra
è il mio pianto
che non si vede

La morte
si sconta
vivendo

Sou uma criatura

Como esta estátua
de São Miguel
tão fria
tão dura
tão seca
tão árdua
tão totalmente
inanimada

Como esta estátua
fica o meu pranto
que não se vê.

A morte
se cumpre
vivendo.

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