Grande Osair,
menino, que prazer foi receber seu imeio! Me veio logo em mente aquele encontro simpático que tivemos quando levei a jornalista italiana Paola Ciccioli pra visitar o Diário em 1999, justamente em janeiro! Paola tinha vindo a Natal pra conhecer nossa filha Marina. Caramba, dez anos atrás! Tá lembrado?
Há 7 anos não retorno a Natal ou ao Brasil. Da última vez que estive por aí quase dava um chute à "Bota" e recomeçava a vida sozinho na Cidade do Sol. De volta à Itália, passei por uma fase de depressão terrível, de saudade daquelas que matam a gente. Então decidi que só voltaria à Terrinha quando fosse pra ficar ou pra participar a um projeto que me levasse e me trouxesse de volta à Gigliola e Marina, sem dores, sem tentações. Nestes anos de distância aprendi que são as amizades verdadeiras a herança que resiste mais à ação do tempo. Mantive os laços com várias pessoas, menos de quantas desejasse, e algumas delas até vieram-me visitar por aqui. Chico Canhão com a família, João de Deus da Honda e até Vicente Vitoriano acabei indo encontrar em Roma. Todos eles prometeram voltar este ano. A gente adora receber os amigos em casa. Este é um convite também a você e à sua família. Recebo notícias da galera através dos jornais, dos blogs e das crônicas que o Tácito Costa escreve ad hoc pra mim, contando o que sabe das pessoas que conheço mas que não aparecem nos quotidianos da cidade. Desde que me mudei pra cá, agarrei-me no galho da fotografia feito macaco avoador que pulou longe demais. Por dois anos trabalhei de operário em uma indústria gráfica, mas fotografava até mesmo no horário de serviço. Depois comecei a trabalhar com meus semelhantes: os doidos e os velhos e continuo até hoje. Trabalho num centro de saúde mental e num asilo chic, que aqui chamam casa de repouso. Utilizo a fotografia como instrumento lúdico, relacional e reabilitativo. Acabei-me reciclando profissionalmente. Publiquei um livro com o título "Il Volto e la Voce del Tempo", A Face e a Voz do Tempo. Fiz um mestrado na Universidade de Veneza em Comunicação e Linguagens não Verbais: Musicoterapia, Psicomotricidade e Performance. Agora estou fazendo uma segunda graduação, em psicologia, na Universidade "La Sapienza" de Roma. Comecei a colaborar esporadicamente com a Universidade de Veneza, onde fiz belas amizades e onde encontrei um terreno fértil para continuar uma pesquisa iniciada no campo da fotografia terapêutica ou fototerapia. Moro em Loreto, na região Marche, que se pronuncia "Marque", mas é em Veneza que me sinto como se estivesse em casa, uma casa que flutua no tempo e num espaço improvável. Recentemente recebi as fitas de vídeo em VHS com o registro de 10 anos de presepadas babilônicas e de vida deliciosamente besta da Vila de Ponta Negra. Tudo mofado mas recuperável, como espero seja a memória de um período aventuroso que vivi em plena consciência de que era a parte mais bonita da minha vida. Um grande abraço babilônico a você e a todos da redação do Diário.
Ayres Marques
Il Diritto al Delirio
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di Eduardo Galeano
Ormai sta nascendo il nuovo millennio. La faccenda non e' da prendere
troppo sul serio (…). Il tempo si burla dei confini che noi inve...
9 anni fa
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